O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), disse nesta segunda-feira (11) que a queda no índice de isolamento social no estado pode ter sido influenciada pela postura do presidente Jair Bolsonaro. Para o goiano, a atitude do presidente em ser contra a medida adotada para evitar a disseminação do coronavírus tende a confundir a população.
"Quando se tem sinal trocado sobre o mesmo assunto, é lógico que isso cria duas vertentes, uma que fala: 'Olha fique em casa'. E a outra: 'Pode voltar ao trabalho'. Esse sinal trocado interfere sim no cidadão que, ao estar na sua casa ou no trabalho, [pensa]: 'Vou ouvir o governador ou o presidente?'", disse Caiado em entrevista à Globo News. "Nunca omiti que o sinal trocado compromete o isolamento. Se a visão do presidente é divergente da nossa, é problema do presidente. Em Goiás, seremos pautados pela ciência e pelos nossos institutos", complementa o governador. Segundo a pesquisa da empresa In loco, que mede o isolamento por meio de dados de celulares, Goiás deixou de ser líder no ranking de isolamento social do país, pois tinha 62,2% de pessoas em casa, em 22 de março, e caiu para a última posição da lista ao atingir 37,44% de isolamento, no último sábado (9).
Embora a posição de Caiado seja de defender o isolamento, ele autorizou a reabertura de segmentos comerciais em 20 de abril, por meio de decreto, incluindo a realização de cultos religiosos, mas com regras de funcionamento. Caiado explicou que é "impossível" segurar o isolamento social com índices entre 60 ou 70% durante três meses.
"Nenhum isolamento sobrevive 90 dias num nível de 60%. A metodologia implantada por nós foi de um primeiro isolamento. Colhemos o fruto dele. Temos novamente uma perda dessa capacidade de manter as pessoas em casa. Vamos fazer o segundo isolamento. Depois, vamos flexibilizar. Se necessário, vamos fazer o terceiro novo isolamento. Vamos tratar de forma intermitente", disse o governador.
Anteriormente, em 24 de abril, Caiado havia criticado prefeitos que flexibilizaram ainda mais setores do que o decreto estado vigente prevê. “O que estamos assistindo agora é um prefeito disputando com o outro quem libera mais [o comércio]. Eu quero pedir a compreensão de todos nesse momento. Não brinquem. Nós podemos jogar por terra um trabalho de 40 dias”, disse Caiado à época.
A imposição de isolamento, segundo Caiado, mostra resultados eficazes nos 14 dias seguintes à flexibilização e essa metodologia dá margem ao governo para estudar medidas a serem decretadas no futuro.
Inclusive, em Goiás, a curva que mostra o crescimento de pessoas infectadas começou a subir 15 após a primeira flexibilização do comércio. Quando o decreto foi publicado em 20 de abril, havia 400 registros de coronavírus no estado. Quinze dias depois, Goiás já ultrapassava a marca de 1 mil infectados.
Lockdown
O secretário de Segurança Pública do Estado de Goiás (SSP), Rodney Miranda, disse na manhã desta segunda-feira que o governo não descarta implantar a medida conhecida como lockdown se a taxa de isolamento não superar 50%. Segundo ele, houve um “relaxamento perigoso” neste índice nos últimos dias, o que poderia aumentar a disseminação do coronavírus.
"Nós estamos tentando de tudo para evitar o lockdown. Precisamos aumentar o rigor na fiscalização, precisamos da colaboração da população para entender que o momento ainda é difícil, ainda é grave, para que a gente possa evitar o lockdown. Agora, eu acredito que se essa taxa [de isolamento] não subir acima de 50%, o lockdown, definitivamente, não está descartado", afirmou Miranda.
Apesar da fala de Miranda, durante a entrevistada da horas depois à Globo News, Caiado não especificou qual o novo tipo de isolamento deve ser adotado e não usou o termo lockdown, quando não se é permitida nem a circulação de cidadãos nas ruas.
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